Ainda há poucos dias, lendo as postagens de amigos no Facebook referindo-se ao aniversário da cidade, vi algumas citando o romance entre o coronel Manoel Benedito e a Negra Manoela como se verdade fosse.
Ou seja, apesar de já termos esclarecido essa história há muito tempo, desde a publicação de “Tuparetama, o livro do município” em 1999, pra muita gente o que importa é a lenda e não a verdade.
Então vamos esclarecer essa história novamente:
O sr. Manoel Benedito de Lima, possuidor da patente de coronel, foi um homem profundamente religioso, conservador, de valores tradicionais. Tinha boas relações com todos. Era dinâmico, ativo e empreendedor, além de esposo e pai de família dedicado. Com a esposa Angélica Madalena de Lima (nascida em 03 de fevereiro de 1872) tiveram os filhos João, Ana, Pedro, Benedito, Ângela, Elias, José, Irênio, Balbina, Josefa e Vital.
O coronel Manoel Benedito e dona Angélica formavam um casal exemplar pela união e harmonia em que viviam. Contam que Angélica destacava-se entre as senhoras da época por ser uma excelente cavaleira. Ao contrário de Manoel, que preferia andar a pé, ela gostava de andar à cavalo. Possuía seu animal e todo um equipamento feminino para montaria (silhão, chapéu–com larga fita vermelha- e xale).
Ter uma amante ou casos extra-conjugais é algo que seria impensável para ele, que nunca as teve e até onde pudemos constatar através de depoimentos sérios de pessoas antigas à época da pesquisa para o livro, o coronel sempre reprovou esse tipo de atitude machista, ou pelo menos reprovava no pai, esse sim, com certa fama de namorador. Era ao seu pai, Seu Benedito, dono de casa no Sítio Fortuna e na cidade de São José do Egito, onde foi delegado, que atribuíam o namoro com Manoela.
Imagem digitalizada apenas para efeito de ilustração. Não há registro fotográfico da Negra Manoela mas segundo depoimentos de antigos, ela era muito bela e seria uma mestiça de negro com índio. |
Em São José do Egito de fato ela teve seu hotel que teria sido custeado por Seu Benedito.
Quando a esposa de Seu Benedito adoeceu em estado grave, no Sítio Fortuna, seu filho o coronel Manoel Benedito a trouxe para sua casa no povoado Bom Jesus, onde teria falecido. Foi então que Seu Benedito assumiu o caso com a Negra Manoela, levando-a para morar com ele no Sítio Fortuna. Manoela faleceu já idosa tendo sido sepultada talvez em São José do Egito ou Riacho do Meio, na nossa pesquisa não encontramos nenhum registro alusivo ao seu óbito e local de sepultamento.
Portanto, embora todos nós tuparetamenses saibamos de cor os versos do hino municipal que se referem à Negra Manoela, tratada com muita liberdade poética, “Tua História de estória tão singela/ tem começo na casa original/ da mãe preta, a negra Manoela/ que abençoa do céu o teu fanal”, na verdade sua importância histórica limita-se ao fato de ter sido a primeira habitante do local onde cresceu a cidade de Tuparetama.
O coronel Manoel Benedito de Lima
Já o coronel Manoel Benedito de Lima com certo espírito de liderança, não só fundou o povoado Bom Jesus (hoje Tuparetama) com a construção de sua casa que foi também o primeiro armazém e a primeira bodega da localidade, como reuniu os demais senhores de posses da época, comerciantes e agropecuaristas como ele em torno de empreendimentos como a realização da primeira feira do local, a vinda do primeiro padre para celebração da santa missa e batizados, a construção da capela do Sagrado Coração de Jesus e do cemitério.
Foi o coronel o doador do primeiro caixão da caridade, usado para sepultar os pobres, que até então se fazia utilizando redes de dormir. Foi também o coronel Manoel Benedito quem fez em 1921 o requerimento para demarcação judicial das terras e propriedades rurais da localidade a partir da data de São Francisco.
Gostava de ler, possuindo livros religiosos, talvez um exemplar das Horas Marianas, muito popular na época. Trouxe os primeiros professores para o povoado instalando a ‘escola provisória’ numa sala de sua residência. De bom relacionamento, era admirado sobretudo por ser homem de fortes princípios, nunca voltando atrás numa palavra dada. Tomava freqüentemente a iniciativa de organizar as festas da comunidade para isso visitando todas as casas do povoado e fazendas circunvizinhas em busca de apoio e colaborações.
Era em sua casa que ficavam hospedadas as autoridades e chefes políticos de passagem pelo povoado. Foi ele o promotor do nosso primeiro leilão. Também fazia às vezes de chefe de polícia local antes da nomeação do primeiro comissário de polícia, resolvendo os casos de desavenças e promovendo a união e a paz.
Durante as festas, quando passeava entre o povo ali presente ao lado dos outros fazendeiros seus amigos, era aplaudido aos gritos de “Viva o Baita Manoel Benedito!”, uma demonstração do seu prestígio. Talvez a maior qualidade do coronel tenha sido seu espírito de união e de comunidade, buscando resolver os problemas sempre em grupo com seus amigos, nunca isoladamente. Possuía muitos afilhados, sinal do prestígio e da sua influência na população.
O coronel Manoel Benedito faleceu no dia 11 de novembro de 1938. Nas suas andanças a pé, voltando de uma visita a sua propriedade na Fortuna, já à noitinha, teve a visão embaçada pela fumaça de coivaras acesas próximas ao Rio Pajeú e caiu numa grota, quebrando o fêmur. Foi conduzido a Caruaru para tratamento médico, mas faleceu dois meses depois. Seis meses após sua morte, em 22 de maio de 1939, sua esposa, amiga e companheira Angélica também falecia. A grande família por eles iniciada conta hoje com 80 netos, bisnetos e tataranetos, sendo alguns dos seus netos e bisnetos profissionais liberais, empresários, comerciantes, produtores rurais e políticos com muitos serviços prestados à comunidade como é o caso dos ex-vereadores Hidalberto Lima e João Lima.
O coronel Manoel Benedito de Lima
Imagem digitalizada de casal do início do século XX apenas para efeito de ilustração.. Não temos fotos do coronel Manoel Benedito |
Foi o coronel o doador do primeiro caixão da caridade, usado para sepultar os pobres, que até então se fazia utilizando redes de dormir. Foi também o coronel Manoel Benedito quem fez em 1921 o requerimento para demarcação judicial das terras e propriedades rurais da localidade a partir da data de São Francisco.
Gostava de ler, possuindo livros religiosos, talvez um exemplar das Horas Marianas, muito popular na época. Trouxe os primeiros professores para o povoado instalando a ‘escola provisória’ numa sala de sua residência. De bom relacionamento, era admirado sobretudo por ser homem de fortes princípios, nunca voltando atrás numa palavra dada. Tomava freqüentemente a iniciativa de organizar as festas da comunidade para isso visitando todas as casas do povoado e fazendas circunvizinhas em busca de apoio e colaborações.
Era em sua casa que ficavam hospedadas as autoridades e chefes políticos de passagem pelo povoado. Foi ele o promotor do nosso primeiro leilão. Também fazia às vezes de chefe de polícia local antes da nomeação do primeiro comissário de polícia, resolvendo os casos de desavenças e promovendo a união e a paz.
Durante as festas, quando passeava entre o povo ali presente ao lado dos outros fazendeiros seus amigos, era aplaudido aos gritos de “Viva o Baita Manoel Benedito!”, uma demonstração do seu prestígio. Talvez a maior qualidade do coronel tenha sido seu espírito de união e de comunidade, buscando resolver os problemas sempre em grupo com seus amigos, nunca isoladamente. Possuía muitos afilhados, sinal do prestígio e da sua influência na população.
O coronel Manoel Benedito faleceu no dia 11 de novembro de 1938. Nas suas andanças a pé, voltando de uma visita a sua propriedade na Fortuna, já à noitinha, teve a visão embaçada pela fumaça de coivaras acesas próximas ao Rio Pajeú e caiu numa grota, quebrando o fêmur. Foi conduzido a Caruaru para tratamento médico, mas faleceu dois meses depois. Seis meses após sua morte, em 22 de maio de 1939, sua esposa, amiga e companheira Angélica também falecia. A grande família por eles iniciada conta hoje com 80 netos, bisnetos e tataranetos, sendo alguns dos seus netos e bisnetos profissionais liberais, empresários, comerciantes, produtores rurais e políticos com muitos serviços prestados à comunidade como é o caso dos ex-vereadores Hidalberto Lima e João Lima.
Texto adaptado de "Tuparetama, o Livro do Município"
Por gentileza citar a fonte e autor ao utilizar essas informações
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