segunda-feira, 24 de abril de 2017

AS PAIXÕES DE CRISTO EM TUPARETAMA



As primeiras encenações da Paixão de Cristo em Tuparetama foram realizadas na Igreja Matriz, nos anos de 1976 e 1977 dirigida pelo médico Herbet Bezerra. Essas informações estão na postagem anterior sobre nosso teatro (clique aqui pra ler).  As Paixões de Cristo encenadas pelas ruas da cidade começaram em 1985 e aconteceram praticamente todos os anos até 1991 com o JUNAC grupo jovem da paróquia de Tuparetama e com outros jovens estudantes convidados.

As adaptações do texto ficavam sob minha responsabilidade bem como a direção dos ensaios. A cada estação havia uma inserção de comentário conforme o tema da Campanha da Fraternidade do ano. As apresentações eram únicas, ou seja, aconteciam na sexta-feira da Paixão, à tarde, percorrendo vários pontos da cidade, com início e término na Igreja Matriz. Uma artimanha juvenil do grupo durante as encenações era a coleta de ofertas entre o público (alguns jovens faziam essas coletas de doações voluntárias entre as estações).

Após a encenação todos do grupo se reuniam para avaliar o trabalho, comemorar o sucesso e planejar a confraternização com o dinheiro coletado. Comprava-se galeto assado e vinho, às vezes fabricava-se algum "judas" para a malhação e ficávamos esperando o horário passar da meia-noite para então beber e comer. Naquele tempo ainda havia muito respeito ao dia da sexta-feira santa, no sentido de fazer jejum e evitar festas, risos e bebidas. 


Entre os participantes dessas encenações entre os anos 80 e 90 ficaram famosos os jovens José Anchieta L. Bezerra como Jesus Cristo,  Sônia Freitas e Maria do Carmo Palmeira revezando-se no papel de Maria de Nazaré. Também participavam das primeiras encenações Pedro Sérgio F. Leite, Maurício Menezes, Maria José Cavalcante, Maria José de Souza, Ivandelso Borges Sobrinho, Petrônio Chalega, Ítalo Guiarone, Joaci Honorato, Luiz Carlos de Medeiros, Carlos Freitas, Junior Anselmo, Socorro Pereira, Márcia Cordeiro, Cid Jean Valdevino, Maria de Lourdes Cordeiro, Jose Galdino dos Santos, Laureci Felipe, Lucineide Paiva, Emília Lopes Nogueira, Maria José de Souza (Galega), Solange Souza, Rejânia Brito, Jeane Lira, Marciana Cordeiro

Em 1995 a Paixão de Cristo voltou a ser apresentada na cidade dessa vez sob a responsabilidade de Emília Lopes Nogueira. No ano seguinte dirigimos - eu e Emília - a última encenação do grupo jovem na Igreja Matriz. A peça daquele ano tratava dos marginalizados atuais na figura de Cristo, representado por personagens como o agricultor, jovem drogado, prostituta, criança de rua etc. A peça era ousada também na proposta cênica, com efeitos de luz, de sons e coreografias. Os bancos foram removidos e cordas com sacos de folhas e flores foram pendurados no teto da igreja para a cena final. Um banho de sangue cênico foi despejado sobre o Jesus mirim no cenário central. 

Por tudo isso a Paixão de Cristo de 1996 foi totalmente encenada dentro da igreja matriz. Mas a ousadia teve seu preço: recebemos muitas críticas e censuras posteriores, tanto pela “bagunça” dentro da igreja quanto pelo texto nada tradicional. Mesmo assim, com algumas adaptações fizemos a apresentação do espetáculo também na igreja matriz de Santa Terezinha, a convite de Padre Jorge Adjan, incentivador do grupo jovem. 

Em 1998 o recém criado grupo GESTU, de estudantes do magistério da Escola Cônego Olímpio Torres uniu-se ao EJC, da igreja católica e aos jovens do SEMIL - Sociedade Espírita Missionários da Luz -   para montar a  Paixão de Cristo Ecumênica, encenada nas ruas da cidade com saída e encerramento no Pajeú Clube. Mais uma vez coube a mim a adaptação do texto e a direção. O espetáculo foi apresentado também no ano seguinte, mas dessa vez foi totalmente encenado dentro do Pajeú Clube. 


Dois imprevistos, dentre muitos que aconteceram durante as encenações diversas, ficaram marcados em nossa lembrança pelo susto que causaram. Na apresentação de 1996 em Santa Terezinha nossa colega Emilia Lopes acidentou-se com a fiação elétrica utilizada nos refletores e tomou um choque violento a ponto da tomada ficar colada em sua mão. Na Paixão de Cristo de 1999 no Pajeú Clube Inaldo Marques fazia o papel de Judas e durante a cena do enforcamento ficou realmente preso nas cordas. Ninguém percebeu que o drama dele era real, achávamos que estava de fato representando com muito talento. Por sorte nosso amigo conseguiu se desprender do nó e por pouco não tínhamos um enforcado de verdade no palco do Pajeú Clube.

Só voltamos a realizar a Paixão de Cristo nos moldes anteriores, tradicional, pelas ruas da cidade, entre 2003 e 2006 dessa vez tendo os participantes do Grupo da Terceira Idade Rainha da Paz como principais protagonistas. Nesse novo período de encenações foi muito importante o apoio e a participação da professora Socorrinha (Maria do Socorro Silva Leandro) do casal Margarete Nogueira e Antônio Valentim e dos jovens integrantes do Grupo de Teatro Teóphilos a exemplo de Edivan Melo, Fátima Souza, Cláudio Agra, Gleydson Pereira e Washintom Marques entre outros. 

Tárcio Oliveira
Texto adaptado de "Tuparetama, o Livro do Município"
Por gentileza citar a fonte e autor ao utilizar essas informações







Nenhum comentário:

Postar um comentário