quarta-feira, 10 de abril de 2019

A 1ª APRESENTAÇÃO DA BANDA FILARMÔNICA PAULO ROCHA

1992 - Mestre Ulisses regendo a Banda Paulo Rocha em sua 1ª apresentação pública

Em 1992 aconteceu a primeira apresentação oficial da Banda Filarmônica Paulo Rocha, sob a regência do inesquecível Mestre Ulisses. A data é merecedora de citação, pois reafirma a importância cultural da Banda Paulo Rocha, patrimônio do município. Num lugar onde Cultura é confundida com evento festivo e onde grupos e bandas não conseguem longevidade, a presença ativa da Banda Paulo Rocha merece nossos aplausos. 

Como ex-diretor e ex-secretário de Cultura nas gestões passadas dos prefeitos Pedro Tunu e Vitalino Patriota, respectivamente criador e renovador da Banda Paulo Rocha, tive o privilégio de acompanhar de perto, passo a passo, todas as ações, dificuldades, superações e realizações da Banda e a trajetória de tantos músicos que por ela passaram. Mais que isso, embora não sendo músico, pude contribuir um pouco com essa história, tendo a satisfação de ser o criador de todos os fardamentos, civis e de gala de 1990 a 2014 utilizados pelos músicos da banda, além das logomarcas da Filarmônica. Integrantes da Banda Marcial Paulo Rocha. 

Mas vamos ao que importa, a história: A trajetória da Banda Paulo Rocha começou no início da década de 80, quando foi criada uma Escola de Música na cidade pelo então prefeito Pedro Torres Tunu. Ele recuperou alguns instrumentos da antiga Filarmônica Bom Jesus e adquiriu outros novos. Foi Pedro Tunu também quem deu o nome de Paulo Rocha à escola e posteriormente à banda. Uma curiosidade interessante é que a escola de música funcionou inicialmente numa sala dentro da Prefeitura Municipal ao lado do gabinete do prefeito. 

O local era provisório mas inconveniente, daí veio a mudança para uma sede mais apropriada, num armazém na travessa Andrelino Rafael. Os primeiros alunos da escola de música formaram a Banda Marcial Paulo Rocha que chegou a apresentar-se com mais de 60 componentes nos desfiles de 7 de setembro da cidade. 

Em 1990 o Prefeito Vitalino Patriota se empenhou em reativar a Escola e Banda Paulo Rocha. Adquiriu novos instrumentos e contratou o professor Ulisses Lima (Belo Jardim) para as aulas, que aconteceram numa sala da Escola Paroquial. Sob a regência do professor Ulisses e coordenação da Casa da Cultura, formou-se a Banda Filarmônica Paulo Rocha. 

Sua primeira apresentação pública oficial deu-se em 15 de novembro de 1992, data que completa 25 anos. A programação de 15 de novembro de 1992 incluiu alvorada musical pelas ruas da cidade, missa em ação de graças na igreja matriz, retreta no centro da cidade à noite e oferecimento de um coquetel para os músicos e seus familiares. 

Com a saída do professor Ulisses em 1993, os ensaios e regência da banda foram assumidos pelo músico Cheiroso, de Sertânia. Depois de Cheiroso tivemos algumas tentativas rápidas e sem sucesso com outros regentes da região. A retomada do brilhantismo e recuperação da Banda Paulo Rocha do final dos anos 90 até a atualidade se deu pelas mãos de músicos formados pelo Mestre Ulisses, filhos de Tuparetama, ou seja, pelos regentes Mário Jorge Liberal Soares, Cícero Gilvan da Cruz (Doda) e Givanildo Neves. Givanildo é o atual professor de música e regente da Paulo Rocha, sendo também o músico com maior tempo de regência à frente da Banda. 

O apoio e incentivo à Banda Paulo Rocha foi intensivo na gestão do ex-prefeito Dêva Pessoa: através da Secretaria de Cultura foram adquiridos novos fardamentos (de uso regular e de gala) comprados instrumentos de sopro, percussão e bateria, material de manutenção e garantido o pagamento de cachê artístico aos músicos. 

Por Tárcio Oliveira

Homenagem ao Professor Ulisses na Festa dos 40 anos de Tuparetama, no 1º Encontro de Bandas de Música.
Prefeito Vitalino Patriota entrega placa ao regente da Banda Paulo Rocha,  Mário Jorge L. Soares
Momentos diversos da Banda Paulo Rocha sob regências de Cheiroso, Doda e Jorge Soares ( da esquerda para a direita, de cima para baixo)
Regente Givanildo e músicos da geração atual da Banda Paulo Rocha
Banda Paulo Rocha em apresentação de 7 de setembro sob a regência de Doda
Banda Paulo Rocha em apresentação nas comemorações do Cinquentenário do município.



NOTAS DA HISTÓRIA DE TUPARETAMA - A Festa de São Pedro


Não se sabe ao certo o ano da primeira comemoração do dia de São Pedro em Tuparetama. É certo que essa festividade junina ocorria desde o início da formação do povoado, então Bom Jesus, nos anos 20 do século passado. 

O êxito dos primeiros festejos, de acentuada conotação religiosa como eram todas as grandes festas da época, consolidou a data no calendário festivo da localidade atraindo público das cidades e dos povoados circunvizinhos. 

Contam que o destaque da festa de São Pedro em Bom Jesus, já nas décadas de 30 e 40, no auge da Philarmônica Bom Jesus, era o baile com orquestras que acontecia num armazém da rua central do povoado, de propriedade do fazendeiro e senhor de posses, Francisco Zeferino. Esse armazém não existe mais, hoje em seu local encontra-se o supermercado Nordeste, de Geraldo Perazzo. Nesses bailes de São Pedro e em todos os demais bailes que realizavam no decorrer do ano exigia-se traje a rigor, o que para gente da época significava vestido comprido de saias armadas, engomadas, e para os cavalheiros paletó de linho e gravata, também engomados. 

As bandas e orquestras contratadas eram chamadas pela população de “jaza” (corruptela de Jazz e Jazz-bands) com ritmo e estilo musical de influência americana. Os bailes encerravam-se invariavelmente fora do armazém, na rua, com quadrilhas juninas marcadas por Severino Souto. 

Já como vila (Tupã) a localidade ainda não dispunha de um clube para festas e o armazém tornara-se pequeno para o público.  Foi quando se construiu em 1953 o ‘Palanque de Festas’ com recursos da comunidade, numa área onde está erguida a atual residência de Zezé Benedito, na Rua da Matriz. O tal "palanque" sediou as festas do São Pedro e outros eventos até a construção do Pajeú Clube, em meados dos anos 60. 

A festa do São Pedro decaiu por um longo período, ressurgindo com a administração do prefeito Pedro Tunu, no final dos anos 80, com ênfase nos eventos de rua. É certo dizer que o São Pedro de Tuparetama ganhou força total e firmou-se definitivamente no calendário turístico-cultural da região a partir da administração do prefeito Vitalino Patriota, com investimento na decoração de rua e contratação de grandes bandas e grandes artistas da música popular nordestina. 


Os prefeitos sucessores de Pedro Tunu e Vitalino, ou seja, Sávio Torres e Dêva Pessoa continuaram os esforços da Prefeitura para manter a tradição e grandiosidade que os festejos de São Pedro de Tuparetama alcançaram ao longo dos anos. 

Tárcio Oliveira
Texto revisado de "Tuparetama, o Livro do Município" 
Por gentileza citar a fonte e autor ao utilizar essas informaçõe










domingo, 7 de abril de 2019

HISTÓRIA EM FOTOS: CARNAVAIS DE TUPARETAMA

Batucada no bar - Carnaval de 1994
Desfile das Catraias e Banho de Carro-pipa no centro da cidade - Carnaval de 1989
Desfile do Bloco das Catraias pelo centro da cidade - Carnaval de 1989
Catraias posam para a câmera. Em destaque, da esquerda para a direita, "Louro Guarda", "Josa Rabêlo" e "Opala". Carnaval de 1989
Crianças seguram a faixa do Bloco Asa D'Arubu, no Carnaval de 1994.  Em destaque na foto dois foliões tradicionais da cidade, já falecidos: Lucena Chalega (de fantasia com chapéu preto) e João Sarinha (com a mão erguida).
Integrantes do Bloco Asa D'Arubu concentrados para o desfile pelas ruas da cidade, no Carnaval de 1994. 
Carnaval de 1995.  À esquerda as "Catraias" Petrônio Chalega, Jacinto e Cid Jean.  À direita o casal "Zé Pereira e sua Dama" representado pelos amigos foliões Josemar Rabêlo e Carlinhos Cruz.
Carnaval de 1994. À esquerda o casal "Zé Pereira e sua Dama" representado pelos foliões Ediraldo e Estanislau Anastácio e a foliã Lourdinha Souza. À esquerda integrantes da Banda Paulo Rocha acompanham o bloco das Catraias. Em destaque o músico Galego Nascimento.
Integrantes da Cia. de Danças Populares de Tuparetama,  fantasiados para o Baile de Carnaval em 1996, realizado no Ginásio de Esportes.  Da esquerda para a direita Madalena Souza, Rubênia Gois, Rejânia Brito, Simone Tunu,  Solange Souza e Fabian Queiroz (de cócoras).
Concurso de Fantasia Infantil em Matinê no Pajeú Clube. Carnaval de 1995.
À esquerda Luiz do Cabo de Stº Agostinho e a Rainha do Carnaval de 1995.  À direita  carro do desfile de sábado de carnaval com os foliões no Carnaval de 1994.
Acima e abaixo fotos do início do desfile de abertura do Carnaval de 1995, com integrantes da Banda Paulo Rocha, Zé Pereira e sua Dama. Bairro Bom Jesus.

TODAS AS FOTOS SÃO DE AUTORIA DE TÁRCIO OLIVEIRA
Com exceção da 1ª foto (autor ignorado)
As fotos originais pertencem ao acervo fotográfico da Casa da Cultura de Tuparetama

O SOPÃO DE PEDRO TUNU CONTRA O FLAGELO DA FOME


Texto publicado originalmente no blog Tarcio Viu Assim em março de 2019

Para enfrentar o problema da FOME entre a população de Tuparetama, numa época em que o Governo Federal se mostrava ausente e sem políticas públicas de distribuição de renda nem geração de empregos, o Prefeito Pedro Torres Tunu em seu segundo mandato INOVOU criando seus próprios programas sociais de combate à fome. Um deles foi o SACOLÃO, que trataremos num próximo texto, o outro foi o SOPÃO. 

O SOPÃO DE TUPARETAMA 

Mobilizando sua equipe de servidores públicos da Educação, Cultura e Assistência Social, tendo à frente a Secretária de Educação Gracinha Oliveira, com auxílio de Emilia Lopes, Maria José (Galega da Casa da Cultura), Neuman Viana e muitas outras voluntárias, Pedro Tunu passou a produzir e distribuir todas as noites o SOPÃO. 

Com recursos da Prefeitura e algumas doações de açougueiros como o ex-vereador Luiz Leopoldino (foto), grandes caldeirões de sopa eram preparados todas as tardes na SEcretaria de Educação e distribuídos à população em frente à Prefeitura.

Neste momento atual em que o Brasil atravessa um período de retrocesso e perda de direitos, com o risco da volta ao Mapa da Fome, é importante relembramos a dor da FOME e a luta do povo e de gestores como Pedro Tunu contra esse flagelo. 

Na década de 90 o Nordeste sofreu com a fome, um dos efeitos da Seca, causada pelo fenômeno El Niño, que aumenta as temperaturas das águas e traz várias consequências para o clima – entre eles, o agravamento de secas no Nordeste. 

Para os municípios do Pajeú entre eles Tuparetama, as secas da década de 90 foram terríveis devido às mortes de animais e lavouras perdidas. A fome era uma realidade cruel pois não havia nessa época os programas sociais de transferência de renda, como o Bolsa Família e o Fome Zero. No Nordeste foram 5 milhões de pessoas afetadas. 

Para não morrer de fome, as pessoas faziam saques a depósitos de comida e mercados, levando terror aos comerciantes das cidades e motoristas que transportavam cargas de alimentos nas estradas. 

Em Tuparetama na década de 90 a Prefeitura foi administrada pelos prefeitos Pedro Torres Tunu e Vitalino Patriota, em revezamento eleitoral. Vitalino substituiu Pedro Tunu no final da década de 80, entregou o município a Pedro Tunu em 1993 e voltou à Prefeitura em 1996. De 1993 a 1998 a estiagem castigou o município. 

Tarcio Oliveira

segunda-feira, 24 de abril de 2017

O 1º dia da cidade, 11 de abril de 1962


Centro de Tuparetama no final da década de 60 e início dos anos 70 
A Lei Estadual nº 3.332 de 31 de dezembro de 1958 criou o município de Tuparetama, desmembrando-o de Tabira, do qual era Distrito. Porém a instalação oficial do município só aconteceu em 11 de abril de 1962, que passou a ser a data oficial da sua emancipação política, ou de forma mais popularmente adotada, a data de aniversário da cidade e do município. 

Dias antes, em 07 de abril, o comerciante João Tunu da Costa que fora nomeado prefeito interino do município,  tomara posse e assinara os documentos necessários para instalação do novo município na cidade de Recife. Sua investidura no cargo e a inauguração da Prefeitura aconteceu no dia 11 de abril, conforme registrado na ATA DE INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TUPARETAMA: 

 “Aos 11 (onze) dias do mês de abril do ano de 1962 na cidade de Tuparetama, sede do município do mesmo nome, que, pela Lei nº 3.332 de 31 de dezembro de 1958, foi desmembrado do Município do Tabira, deste Estado de Pernambuco, ao qual pertencia como sede do terceiro distrito, aí, à rua Cel. Manoel Benedito, s/n, no prédio onde iria funcionar a nova edilidade, compareceu o cidadão João Tunu da Costa, primeiro prefeito do novo município, nomeado pelo Exmo. Sr. Governador do Estado, engenheiro Cid Feijó Sampaio, cujo ato recebeu o número 954, datado de 06 do mesmo mês de abril, já tendo prestado compromisso e tomado posse do cargo perante o Exmo. Sr. Secretário de Estado dos Negócios do Interior e Justiça, na cidade do Recife, em data de 07, ainda no referido mês de abril, declarou em presença de diversas pessoas da sociedade local aí presentes, instalado o novo município de Tuparetama para o qual havia sido nomeado , conforme acima menciona, e, que, de acordo com a referida Lei 3.332, de 31 de dezembro de 1958, passava a pertencer ao seu território a Vila de Ingazeira e o povoado de Santa Rita. Eu, Maria Salete Nogueira, a escrevi. (aa) João Tunu da Costa; Pedro Torres Tunu; Jose Sotero de Menezes; José Felipe de Oliveira; João Ângelo da Silva; Antônio Marques da Silva; José Nonardo da Cruz; João Silvestre da Silva; Luiz Filomeno de Vasconcelos; Sebastião Cavalcante de Siqueira; Elias Souto Siqueira; José Ferreira dos Santos; Cipriano Xavier de Lima; João Felipe de Lima; Belarmino Lopes da Silva; Alonso Rodrigues de Souza; Oton Leite de Oliveira; Sebastião Dias de Oliveira.” 

Centro de Tuparetama no final da década
de 60 e início dos anos 70
 
A escolha do nome de João Tunu para o cargo de prefeito, foi feita pelos‘Baluartes da EmancipaçãoSeverino Souto, Abílio Leite, Oton Leite e Pedro Tunu”, tendo como principal razão a sua situação financeira, sendo por isso o único dentre o grupo em condições de bancar as despesas com viagens, com documentos e com a implantação da prefeitura. João Tunu foi convencido por seu filho Pedro Torres Tunu a bancar essas despesas desde o início da campanha de emancipação. 

Os primeiros cargos públicos do novo município foram distribuídos pelos Udenistas de Tuparetama ( partido político da situação) entre seus parentes e amigos. Pedro Torres Tunu foi nomeado como Coletor Estadual; Severino Souto indicou seu filho Severino Souto Filho para o cargo de Tabelião e seu irmão, João Souto, como agente Arrecadador (Guarda Fiscal); Oton Leite indicou Quitéria Carneiro para a zeladoria da Escola Ernesto e indicou Zé Marques e Antônio de Hilário para os cargos de Oficiais de Justiça; Abílio Leite indicou Pedro Damião para as funções de Carcereiro e a si próprio como Delegado do SAPS. 

No ano seguinte, em 1963, realizam-se as primeiras eleições do novo município, elegendo Severino Souto de Siqueira para prefeito. De modo dinâmico, com entrega literal de corpo e alma, ele dedicou-se à ‘construção’ do município de Tuparetama, fazendo-o até onde lhe possibilitaram os limitados meios físicos, econômicos, políticos e sociais da época.

Tárcio Oliveira
Texto adaptado de "Tuparetama, o Livro do Município" 
Por gentileza citar a fonte e autor ao utilizar essas informações

OS COLÉGIOS BOM JESUS E PAROQUIAL


Pe. Mário Marangon foi um dos incentivadores da educação em Tuparetama

GINÁSIO BOM JESUS 

A criação do Ginásio Bom Jesus foi um marco importante na história da educação do município. Até então os estudantes de Tuparetama dispunham apenas do ensino primário. Somente os filhos de famílias mais abastadas podiam dar continuidade aos estudos, fazendo o curso Ginasial (da 5ª a 8ª série) nas cidades vizinhas ou em Recife. O ingresso no Ginásio exigia um curso preparatório e teste, denominados Admissão.

Foi Pedro Torres Tunu, recém chegado do seminário, o principal responsável pela implantação do curso Ginasial em Tuparetama. Procurou Francisco Chaves Perazzo que intermediou com Francisco Zeferino Pessoa a cedência de seu armazém da Rua Ernesto de Souza Leite ( hoje local do Supermercado Nordeste) para as aulas.

Não era fácil passar no teste de Admissão. Era como um vestibular
para ingressar no curso colegial, equivalente aos anos de 5ª a 8ª série de hoje
O curso de admissão teve início em 1962, sob orientação de Bernardo Jucá. Funcionava à noite, à luz de lampião cedido por Chico do Bar. O quadro negro fora encomendado a Anastácio Pereira Xavier. Inicialmente o único professor era Pedro Tunu, depois Severino Souto Filho e Maria do Socorro Pessoa, recém chegados à cidade, já formados. Souto assumiu as aulas de Matemática e de Geografia. Socorro, as de Português e de História, enquanto Pedro Tunu afastava-se do ensino para assumir seu cargo de coletor estadual.

Em 1964 o Curso Ginasial foi implantado oficialmente em Tuparetama pelo professor Duque R. Sampaio de São José do Egito, com o nome de Ginásio Bom Jesus ocupando o prédio da Escola Ernesto de Souza Leite.

A primeira formatura do Ginásio Bom Jesus deu-se em 1967 e teve como formandos: Ana Maria C. Perazzo; Adelzita Moraes Silva; Diozita Maria Leite; Maria José Perazzo; Maria de Lourdes Souza; Felicidade Trajano Branquinho; Maria do Socorro F. de Vasconcelos; Maria Bernadete Lima; Clóvis Leite Ferreira; Maria Salete Nogueira; José Arnaldo Rabêlo; Carolina Lima de Souza; Valdir Daniel de Almeida; Adedy Lopes de Araújo e Maria José Viana.  O painel alusivo à formatura, com fotos dos professores e formandos encontra-se no Museu da Casa da Cultura de Tuparetama.

ESCOLA PAROQUIAL 

Marangon e estudantes do Magistério
Construída em 1968, ao lado da igreja matriz, por iniciativa do Pe. Mário Marangon, funcionou até o final do ano letivo de 1990. Inicialmente foi denominada Escola Mínima Paroquial, depois Escola Reunida Paroquial. Suas primeiras diretoras foram Mª Auxiliadora Perazzo Leite (março de 1968 a maio de 1987) e Rita Maria Pessoa  Leite de Lima (maio de 1987 a fevereiro de 1991) .

A Escola Paroquial implantou o Curso Magistério em Tuparetama, cuja primeira formatura deu-se em 1972 com a seguinte turma: Ana Maria Perazzo, Beatriz Aragão Perazzo, Dione de Lima Leite, Lêda Meira, Maria Helena, Maria José Lima, Maria das Graças Oliveira, Maria Socorro de Vasconcelos e Maria de Lourdes Leite Ferreira. O curso Magistério teve como diretores, de sua fundação até 1974, Mario Marongon, Duque R. Sampaio e David Soares.

A partir de 1974 o curso Magistério passou a funcionar na Escola Municipal Joaquim Ferreira de Melo (Colegio Bom Jesus) construído na gestão do prefeito Antônio Ferreira de Melo.  Com a construção da Escola Imaculada Conceição (Hoje EREM Cônego OLímpio Torres) o Colégio Bom Jesus foi desativado e passou a ser sede da Casa da Cultura de Tuparetama e Biblioteca Pública Municipal Escritor Monteiro Lobato.

Tárcio Oliveira 
Texto  adaptado de "Tuparetama, o Livro do Município" 
Por gentileza citar a fonte e autor ao utilizar essas informações

NÃO TIVEMOS MÃE PRETA, TIVEMOS "PAI" BRANCO, O CORONEL MANOEL BENEDITO


A história tem suas ironias e o fundador de Tuparetama, o coronel Manoel Benedito de Lima é vítima de uma delas. É que muitos tuparetamenses, professores inclusive, ainda hoje atribuem ao coronel a fama de amante da Negra Manoela, que por sua vez teria sido a primeira moradora da localidade, num casebre de taipa tipo meia-água. 

Ainda há poucos dias, lendo as postagens de amigos no Facebook referindo-se ao aniversário da cidade, vi algumas citando o romance entre o coronel Manoel Benedito e a Negra Manoela como se verdade fosse. Ou seja, apesar de já termos esclarecido essa história há muito tempo, desde a publicação de “Tuparetama, o livro do município” em 1999, pra muita gente o que importa é a lenda e não a verdade. 

Então vamos esclarecer essa história novamente: 

O sr. Manoel Benedito de Lima, possuidor da patente de coronel, foi um homem profundamente religioso, conservador, de valores tradicionais. Tinha boas relações com todos. Era dinâmico, ativo e empreendedor, além de esposo e pai de família dedicado. Com a esposa Angélica Madalena de Lima (nascida em 03 de fevereiro de 1872) tiveram os filhos João, Ana, Pedro, Benedito, Ângela, Elias, José, Irênio, Balbina, Josefa e Vital

O coronel Manoel Benedito e dona Angélica formavam um casal exemplar pela união e harmonia em que viviam. Contam que Angélica destacava-se entre as senhoras da época por ser uma excelente cavaleira. Ao contrário de Manoel, que preferia andar a pé, ela gostava de andar à cavalo. Possuía seu animal e todo um equipamento feminino para montaria (silhão, chapéu–com larga fita vermelha- e xale). 

Ter uma amante ou casos extra-conjugais é algo que seria impensável para ele, que nunca as teve e até onde pudemos constatar através de depoimentos sérios de pessoas antigas à época da pesquisa para o livro, o coronel sempre reprovou esse tipo de atitude machista, ou pelo menos reprovava no pai, esse sim, com certa fama de namorador. Era ao seu pai, Seu Benedito, dono de casa no Sítio Fortuna e na cidade de São José do Egito, onde foi delegado, que atribuíam o namoro com Manoela. 

A Negra Manoela

Imagem digitalizada apenas para
efeito de ilustração.
Não há registro fotográfico da Negra Manoela

 mas segundo depoimentos de antigos, 
ela era muito bela e seria uma mestiça
de negro com índio.
A mulher que passou pra história como Negra Manoela tinha pele morena escura e cabelos lisos (mistura de negros e índios?). Cozinheira de mão cheia, vendia café, pinga, tira-gosto e talvez almoço primeiramente na frente do seu casebre de taipa nas primeiras feiras do local que seria mais tarde o povoado Bom Jesus. Essa informação não é consenso pois alguns afirmam que Manoela morou pouco tempo na localidade passando a viver em São José do Egito antes da construção das primeiras casas de Bom Jesus. 

Em São José do Egito de fato ela teve seu hotel que teria sido custeado por Seu Benedito. Quando a esposa de Seu Benedito adoeceu em estado grave, no Sítio Fortuna, seu filho o coronel Manoel Benedito a trouxe para sua casa no povoado Bom Jesus, onde teria falecido. Foi então que Seu Benedito assumiu o caso com a Negra Manoela, levando-a para morar com ele no Sítio Fortuna. Manoela faleceu já idosa tendo sido sepultada talvez em São José do Egito ou Riacho do Meio, na nossa pesquisa não encontramos nenhum registro alusivo ao seu óbito e local de sepultamento. 

Portanto, embora todos nós tuparetamenses saibamos de cor os versos do hino municipal que se referem à Negra Manoela, tratada com muita liberdade poética, “Tua História de estória tão singela/ tem começo na casa original/ da mãe preta, a negra Manoela/ que abençoa do céu o teu fanal”,  na verdade sua importância histórica limita-se ao fato de ter sido a primeira habitante do local onde cresceu a cidade de Tuparetama.

O coronel Manoel Benedito de Lima

Imagem digitalizada de casal do início do século XX
apenas para efeito de ilustração..
Não temos fotos do coronel Manoel Benedito
Já o coronel Manoel Benedito de Lima com certo espírito de liderança, não só fundou o povoado Bom Jesus (hoje Tuparetama) com a construção de sua casa que foi também o primeiro armazém e a primeira bodega da localidade, como reuniu os demais senhores de posses da época, comerciantes e agropecuaristas como ele em torno de empreendimentos como a realização da primeira feira do local, a vinda do primeiro padre para celebração da santa missa e batizados, a construção da capela do Sagrado Coração de Jesus e do cemitério.

Foi o coronel o doador do primeiro caixão da caridade, usado para sepultar os pobres, que até então se fazia utilizando redes de dormir. Foi também o coronel Manoel Benedito quem fez em 1921 o requerimento para demarcação judicial das terras e propriedades rurais da localidade a partir da data de São Francisco.

Gostava de ler, possuindo livros religiosos, talvez um exemplar das Horas Marianas, muito popular na época. Trouxe os primeiros professores para o povoado instalando a ‘escola provisória’ numa sala de sua residência. De bom relacionamento, era admirado sobretudo por ser homem de fortes princípios, nunca voltando atrás numa palavra dada. Tomava freqüentemente a iniciativa de organizar as festas da comunidade para isso visitando todas as casas do povoado e fazendas circunvizinhas em busca de apoio e colaborações.

Era em sua casa que ficavam hospedadas as autoridades e chefes políticos de passagem pelo povoado. Foi ele o promotor do nosso primeiro leilão. Também fazia às vezes de chefe de polícia local antes da nomeação do primeiro comissário de polícia, resolvendo os casos de desavenças e promovendo a união e a paz.

Durante as festas, quando passeava entre o povo ali presente ao lado dos outros fazendeiros seus amigos, era aplaudido aos gritos de “Viva o Baita Manoel Benedito!”, uma demonstração do seu prestígio. Talvez a maior qualidade do coronel tenha sido seu espírito de união e de comunidade, buscando resolver os problemas sempre em grupo com seus amigos, nunca isoladamente. Possuía muitos afilhados, sinal do prestígio e da sua influência na população.

O coronel Manoel Benedito faleceu no dia 11 de novembro de 1938. Nas suas andanças a pé, voltando de uma visita a sua propriedade na Fortuna, já à noitinha, teve a visão embaçada pela fumaça de coivaras acesas próximas ao Rio Pajeú e caiu numa grota, quebrando o fêmur. Foi conduzido a Caruaru para tratamento médico, mas faleceu dois meses depois. Seis meses após sua morte, em 22 de maio de 1939, sua esposa, amiga e companheira Angélica também falecia. A grande família por eles iniciada conta hoje com 80 netos, bisnetos e tataranetos, sendo alguns dos seus netos e bisnetos profissionais liberais, empresários, comerciantes, produtores rurais e políticos com muitos serviços prestados à comunidade como é o caso dos ex-vereadores Hidalberto Lima e João Lima.

Tárcio Oliveira 
Texto adaptado de "Tuparetama, o Livro do Município" 
Por gentileza citar a fonte e autor ao utilizar essas informações

NOSSAS PRIMEIRAS RÁDIOS, DIFUSORAS NO CENTRO DO POVOADO




Em 1949 a Vila Tupã, hoje Tuparetama, ganhou um serviço de som chamado RÁDIO AMPLIFICADORA. A iniciativa foi de Severino Souto, que instalou os equipamentos em sua residência, adquiridos com recursos obtidos através de campanhas realizadas na comunidade. 

A Rádio Amplificadora era um serviço de som com microfone, toca-discos, amplificador e difusoras instaladas no centro da Vila.  As difusoras divulgavam os acontecimentos políticos e sociais, tocavam os sucessos do momento e realizavam programas musicais com a participação dos ouvintes. Havia também concurso de calouros que revelaram cantoras da terra como Suzana Fidélis, Salete Nogueira, Maria José Viana. Outra marca da Rádio Amplificadora era a hora do ângelus com a Ave Maria, tradicionalmente às 18:00 horas.

Todos os dias a rádio iniciava sua programação com a música característica, Cisne Branco, e a mensagem: “Com essa característica musical entra no ar o serviço de alto-falante da nossa Rádio Difusora” e no encerramento: “Retira-se do ar o serviço de alto-falante, voltando amanhã no horário de costume se Deus assim nos permitir". 

A Rádio Amplificadora foi marcante para a vida sócio-cultural da localidade, um pequeno povoado isolado no interior do Estado onde não havia muitas opções de lazer e não se dispunha de aparelhos de rádio ou TV.  As pessoas reuniam-se nas calçadas das suas casas não somente para para conversar, mas também para ouvir, pedir e oferecer músicas. 

Em 1977, muitos anos depois da desativação da Rádio Amplificadora, Geraldo Vieira de Lima e Carlos Roberto da Silva instalaram um serviço de alto-falante na sua oficina de consertos de rádios e eletrodomésticos que funcionava na Rua Ernesto de Souza Leite. O serviço foi intitulado ‘Eletro-rádio Pajeú’, daí o apelido de Carlos Roberto, que ficou conhecido desde então como Carlos da Eletro-rádio. A Eletro-rádio fazia a divulgação de mensagens e avisos da comunidade, programas musicais e apresentações de artistas da cidade e região.

Tárcio Oliveira 
Texto adaptado de "Tuparetama, o Livro do Município" 
Por gentileza citar a fonte e autor ao utilizar essas informações